As ações da Americanas (AMER3), empresa de comércio eletrônico que resultou da fusão entre Submarino e Americanas.com em 2006, estão entre as mais desvalorizadas da bolsa brasileira nos últimos meses. A empresa enfrenta uma grave crise financeira e contábil, após revelar inconsistências nas suas demonstrações de 2020 e 2021, que levaram a uma perda de R$ 4,5 bilhões no seu patrimônio líquido. A empresa também entrou com um pedido de recuperação judicial preventiva na Justiça do Rio de Janeiro, para negociar com seus credores e evitar uma falência.
Diante desse cenário, muitos investidores se perguntam se as ações da Americanas podem subir e se vale a pena comprar os papéis da empresa. A resposta para essas questões depende de vários fatores, como o desempenho operacional da empresa, o resultado das negociações com os credores, a confiança do mercado na gestão e na governança da empresa, e as expectativas para o setor de e-commerce no Brasil.
Em termos operacionais, a Americanas tem uma posição de destaque no mercado de comércio eletrônico brasileiro, com mais de 8 milhões de produtos em diversas categorias, vendidos por meio de suas marcas Submarino, Americanas.com, Shoptime e Sou Barato. A empresa também conta com uma rede de lojas físicas da Lojas Americanas, que são usadas como pontos de retirada dos produtos comprados online, além de oferecer serviços financeiros por meio do Ame Digital. A empresa tem apresentado um crescimento expressivo nas suas receitas nos últimos anos, com um aumento médio anual de 21,42% entre 2018 e 2022.
Ações podem subir?
No entanto, esse crescimento não se refletiu em lucratividade, pois a empresa tem operado com margens baixas e prejuízos recorrentes. Em 2022, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 42,88 milhões, com uma margem líquida de apenas 0,15%. Além disso, a empresa tem uma estrutura de capital bastante alavancada, com uma dívida líquida de R$ 12,19 bilhões e uma relação dívida líquida/patrimônio líquido de 0,59. Essa situação se agravou com as inconsistências contábeis reveladas pela empresa, que afetaram sua credibilidade perante o mercado e os órgãos reguladores.
Para tentar reverter essa situação, a empresa apresentou uma nova proposta aos seus credores, que prevê um aumento de capital de R$ 12 bilhões, sendo R$ 6 bilhões em dinheiro e R$ 6 bilhões em ações. A proposta também prevê um alongamento dos prazos das dívidas e um desconto médio de 50% nos valores dos créditos. A empresa espera que essa proposta seja aprovada pelos credores até o final de outubro e que possa sair da recuperação judicial até o final do ano.
Ações da americanas vale a pena comprar?
A reação do mercado à proposta foi positiva, pois as ações da Americanas subiram 6,25% no dia do anúncio. No entanto, isso não significa que as ações da empresa estejam livres de riscos. Ainda há muitas incertezas sobre a aprovação da proposta pelos credores, sobre a capacidade da empresa de captar os recursos necessários para o aumento de capital, sobre a diluição dos acionistas atuais e sobre a recuperação da confiança do mercado na empresa. Além disso, a empresa enfrenta uma forte concorrência no setor de e-commerce, que exige investimentos constantes em tecnologia, logística e marketing.
Portanto, as ações da Americanas podem subir se a empresa conseguir superar os seus problemas financeiros e contábeis, retomar a sua lucratividade e recuperar a sua reputação no mercado. No entanto, isso não é uma certeza e envolve muitos riscos e desafios. Por isso, as ações da empresa não são indicadas para investidores que buscam segurança e estabilidade, mas sim para aqueles que têm um perfil mais arrojado e que estão dispostos a assumir os riscos de uma empresa em recuperação judicial.
